Crise

Zona Sul aponta calamidade na Saúde por falta de recursos

Atrasos em repasses do Estado interrompem atendimento de urgência em hospitais de referência

Gabriel Huth -

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Gestores discutiram agravamento da crise na saúde e estão decretando calamidade (Foto: Gabriel Huth - Especial DP)

Desde esta sexta (21), cidades da região estão decretando estado de calamidade pública na área da saúde. A decisão foi tomada por representantes das prefeituras em reunião na sede da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) no final da manhã por uma razão bem conhecida: a falta de dinheiro para manter os serviços especializados dos hospitais em funcionamento.

Cinco cidades da região deram início ontem mesmo ao processo formal para os decretos: Rio Grande, Piratini, Canguçu, Cerrito e Arroio Grande. As demais, dentre elas Pelotas, estudam fazer o mesmo nos próximos dias. A situação envolve pelo menos especialidades que servem como retaguarda diária a pacientes dos 23 municípios da Zona Sul. Em alguns casos até mais, visto que a abrangência de outros pontos do Estado.

É o caso de Rio Grande. Em crise financeira grave, a Santa Casa é responsável por atendimento a vítimas de queimaduras e problemas cardíacos de 33 cidades. A entidade, porém, recebe encaminhamentos também de casos urgentes em traumatologia, cardiologia e neurocirurgia. Cuidados que correm o risco de deixar de serem prestados.

Conforme o secretário de Saúde de Rio Grande e presidente regional do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (COSEMS/RS), Maicon Lemos, o acúmulo de dívidas do governo do Estado com os hospitais agravou a situação e as prefeituras não têm mais condições de aportar recursos próprios. "A paralisação parcial de atendimentos vem ocorrendo em maternidades, traumatologia, cardiologia e neurologia, que têm priorizado os casos mais graves. Isso tende a se agravar e não termos para onde enviar os pacientes", afirma.

Cobranças ao governo

Uma carta foi entregue à coordenadora regional de Saúde, Rode Hartwig, endereçada ao governador José Ivo Sartori (MDB) informando a decisão dos municípios e cobrando repasses. Conforme os gestores municipais, havia o compromisso de chegada do dinheiro até quinta (20), o que não se confirmou.

"Pedimos que Vossa Excelência, ainda nessa semana, entre o Natal e o novo Ano, libere os recursos prometidos para os municípios e para os hospitais, como forma de sustentação mínima dos serviços essenciais de urgência e emergência, além de possibilitar o pagamento de salários em atraso e 13º salário, que contrariando a Lei, não puderam ser pagos até agora", diz o documento.

Segundo Lemos, o secretário estadual de Saúde, Francisco Paz, estima que o pagamento ocorra até a próxima sexta (28).

Situação caótica

Apesar da nova promessa de repasse, a secretária de Saúde de Pelotas, Ana Costa, afirma que o momento é de preocupação generalizada. Mesmo que o dinheiro chegue no dia 28, o atendimento de urgência estará prejudicado nos últimos dias do ano. "A situação é caótica. As dívidas do Estado contemplam anos e os municípios vão queimando as suas possibilidades e parcerias. Não há mais como custear", alerta.

Com gestão plena sobre a Saúde, Pelotas ainda vive situação favorável perto das demais cidades da região, com as ofertas dos serviços normalizada. A maior preocupação está em uma possível superlotação do Pronto Socorro. "Ele continuará sendo a porta de entrada, recebendo pacientes de toda a região. Mas sem ter hospitais de referência para encaminhar. Precisamos que a Secretaria Estadual da Saúde aponte alternativas para receber estas pessoas", explica Ana Costa.

 

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